sexta-feira, 22 de outubro de 2010

tartufos lusitanos que sempre nos abastardaram. chamavam-nos galegos, por estas bandas, e nós guapitos, mais próximos de Zamora e Salamanca fomos namoriscando o hermano. e quando por falta de dobrão caminhámos até à lezíria e à planície mais mourisca, abastardaram-nos outra vez e passaram a chamar-nos como nos conta Alves Redol, “gaibéus”, gente vinda da giesta de pedra e do interior do serro. cantamos com os lobos no meio das fragas, passamos sal nas encruzilhadas e ainda rezamos o terço. foi nessa caminhada que perdemos a orientação do mundo, que se emudeceram as palavras iguais à cinza e é essa a nossa fatalidade - a moïra - de um último adeus no esquecimento da nossa boca.

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