tag:blogger.com,1999:blog-44125262219769604042024-02-18T17:49:04.099-08:00por detrás da montanhaSOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-49456734778603557742013-06-01T10:52:00.002-07:002020-09-23T08:54:33.146-07:00as possibilidades matizadas no meu corpo.SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-82129053592798189242013-06-01T10:49:00.002-07:002020-09-23T09:38:41.871-07:00ainda se escrevem contos de fadas no país das quimeras? "Lorsque le titre se fait épitaphe : chronique de la mort annoncée du conte de fée fin-de-siècle." http://www.fabula.org/lht/6/dossier/155-chatelain<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2qwKTsVGTO1qN1Tk-wUXYUg3fj-lro8zOS2l_q2kVt49EBdojIIdAIU_tPTkiNKmDQb_WKJRyFEEoZXbKhALBqGt9H-9HobTBPFSuqGgl6tIblgwMpWigIPGVbgugvM2iOTRC84b9zz4/s1600/fadas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2qwKTsVGTO1qN1Tk-wUXYUg3fj-lro8zOS2l_q2kVt49EBdojIIdAIU_tPTkiNKmDQb_WKJRyFEEoZXbKhALBqGt9H-9HobTBPFSuqGgl6tIblgwMpWigIPGVbgugvM2iOTRC84b9zz4/s320/fadas.jpg" width="275" /></a></div>
<br />SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-88291121629053781962013-06-01T10:46:00.003-07:002013-06-01T10:46:45.805-07:00.<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333015441895px; line-height: 18px;">«Ne m’écris pas de façon trop vague, n’hésite pas à me dire que le rideau de notre fenêtre a de nouveau brûlé et que les gens nous regardent de la rue.» Nous sommes en 1951 - la troisième année d’un échange épistolaire qui s’étendra sur presque vingt ans - lorsque l’étudiante autrichienne Ingeborg Bachmann adresse ces mots au poète Paul Celan.</span><br />
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.333333015441895px; line-height: 18px;"><a href="http://www.magazine-litteraire.com/critique/non-fiction/temps-du-coeur-correspondance-ingeborg-bachmann-paul-celan-31-10-2011-31607#.TrcHlbkdIlc.facebook">http://www.magazine-litteraire.com/critique/non-fiction/temps-du-coeur-correspondance-ingeborg-bachmann-paul-celan-31-10-2011-31607#.TrcHlbkdIlc.facebook</a></span>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-25136381544033906822013-06-01T10:30:00.003-07:002020-09-23T08:45:15.073-07:00este silêncio que escalavra como limalhas.SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-79300360192254004112013-06-01T10:27:00.002-07:002020-09-23T08:56:02.932-07:00la classe operaia va in paradiso!SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-60674316743524892552013-06-01T10:26:00.001-07:002020-09-23T08:55:39.529-07:00sonhei com gigantes, facas e alguidares, fisgas e bolas de pêlo, unhas partidas, arrancadas, homens esquálidos a observarem-me, cães a atiçarem a fome. acordei. uma simples razão: rins, antibióticos, água, chá. e transformei-me, de repente, num invólucro de líquido amniótico, protegida das dores e do sonambulismo febril que assolavam os meus dias e as minhas noites.-SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-20590110374833090682013-05-30T03:00:00.001-07:002020-09-23T08:59:57.243-07:00"o teu amor atormenta-me porque não serve de ponte, uma ponte não se sustém apenas de um lado, Lloyd Wright e Le Corbusier jamais farão uma ponte suspensa apenas de um lado, e não olhes para mim com esses olhos de pássaro, para ti a operação de amar é tão simples, vais-te curar antes de mim, tu que me amas como eu não te amo."
Julio Cortázar in Rayuela
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-90203361363159155262013-05-30T02:54:00.000-07:002013-05-30T02:54:02.372-07:00 Uma revolução, uma nova ordem<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<b><i><span lang="PT-BR" style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">“E abertamente, votei o meu coração à terra grave e
sofredora, e, muitas vezes, na noite sagrada, lhe prometi amá-la fielmente até
à morte, sem receio, com o seu pesado fardo de fatalidade, e não desprezar
nenhum dos seus enigmas. Assim me liguei a ela por meio de um vínculo mortal.”</span></i></b><span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 36.0pt;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 13.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Hölderlin<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 36.0pt;">
<b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 13.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">“A Morte de
Empédocles”</span></b><span lang="PT-BR" style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 13.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 14.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Uma revolução, uma nova ordem - O Teatro do Absurdo</span></b><span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> O teatro com a sua visão elíptica
conferiu à argumentação grandes meios de difusão, na sua imensa significação,
aumentando a expansão do cinema e da televisão. A compreensão do teatro do
absurdo, a que associamos o nome de Beckett e também de Albert Camus, Eugène
Ionesco, Arthur Adamov, Harold Pinter, Jean Tardieu, Jean Genet, insurgente e
no limiar da incompreensão, quando o seu espectro se tornou uma constante na
dramaturgia, passa por compreender as mudanças ocorridas nas ciências, na
psicologia, na filosofia. Há quem afirme que o teatro do Absurdo se serve de
ideias exprimidas depois das primeiras décadas do século XX na literatura
através da escrita metonímica de Joyce, o surrealismo, a ruptura interior de
Kafka, ou da primeira década deste século com o cubismo, ou o abstraccionismo.
É um teatro acusado, onde o novo é o périplo a seguir, reunindo várias formas
tradicionais, muito antigas e altamente respeitáveis, da literatura e do teatro
e no fim de contas, irrompendo como uma força ciclópica, exprimindo a situação
actual do homem ocidental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Em 1957 estreou À Espera de Godot de
Samuel Beckett. Beckett não tinha mostrado qualquer apreensão em como enfrentar
o público com uma peça intelectual, eminentemente obscura e que quase provocou
um choque entre os mais incautos. Um prisioneiro disse “Godot é a sociedade”;
outro “É o mundo exterior”. Citam-se as reflexões de um professor da prisão.
“Eles sabem o que significa a espera, e sabem que Godot não será mais do que
uma decepção.” A grande recepção que esta peça teve na prisão de San Quentin
foi causada talvez por os prisioneiros serem tão simples, isentos de ideias
preconcebidas, evitando assim o erro de tantos críticos ao condenarem a peça
pela sua tendência e intriga, psicologia, suspense ou senso comum. Portanto
este teatro tem fins diferentes das peças convencionais e métodos muito distintos.
É preciso salientar que os autores dramáticos não fazem partido de alguma
escola ou movimento organizado. Ao contrário, cada um dos escritores em questão
é um indivíduo que se considera um solitário, isolado no seu próprio mundo. As
suas obras reflectem preocupações, emoções, ansiedades e o pensamento de um
grande número de pensadores ocidentais. Mas as suas obras não são
representativas do estado de espírito geral. O teatro do absurdo, no entanto
pode ser considerado como o reflexo daquilo que parece ser a atitude mais comum
da nossa época. O que distingue esta atitude é o sentimento que as certezas se
mostram insuficientes, não são apodícticas, a alienação é regida pela ilusão
sem valor e infantil. Ao fim da segunda guerra mundial, o declínio da fé
religiosa foi mascarada por religiões de substituição, essas que fizeram no
progresso, no nacionalismo e nas diferenças totalitárias o seu repto. Tudo foi
pulverizado pela guerra. Em 1942 Albert Camus, com sangue frio, perguntou
porque é que a vida tinha perdido todo o seu sentido? Numa das grandes e
profundas introspecções do nosso tempo, O Mito de Sísifo- ensaio sobre o
absurdo, Camus tenta fazer o diagnóstico de um mundo em que as crenças são
destruídas. Mas ao contrário, num universo de repente privado de ilusões e de
luz, o homem sente-se um estrangeiro. Este exílio transforma-se num exílio sem
recursos, pois o homem é privado de recordações de uma pátria perdida ou de uma
esperança de uma terra prometida. Este divórcio entre o homem e a sua vida, o
actor e o seu cenário, é provavelmente o mote do absurdo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Na linguagem corrente, absurdo pode
não significar mais que ridículo. Este não é o sentido que Camus utiliza, nem
aquele que entendemos quando falamos do teatro do absurdo. Num ensaio sobre
Kafka, Ionesco definiu a sua concepção. É absurdo o que não tem caminho.
Despojado dos seus raciocínios religiosos ou metafísicos, o homem está perdido,
tudo caminha insensivelmente. Este sentimento de ansiedade de metafísica face à
absurdidade da condição humana é colocado em relevo nas peças de Beckett e
Ionesco. Um sentimento de nonsense da vida, da inevitável depreciação dos
ideais, que inspira também obras de autores dramáticos como Sartre e Camus.
Estes escritores diferem portanto do teatro do absurdo sobre um ponto
importante: eles expõem a irracionalidade da condição humana sob a forma de um
raciocínio lúcido e logicamente construído, mas no teatro do absurdo o seu
sentido demonstra o que a razão tem de inadequado, abandonando deliberadamente
os caminhos racionais e o pensamento discursivo. O teatro do absurdo renunciou
a argumentar a absurdidade da condição humana, ele mostra-a simplesmente na
existência, quer dizer que as imagens concretas ilustram a absurdidade da
existência. Ele visa uma depreciação radical da linguagem em proveito de uma
poesia que surge das imagens de cenas concretas e discretas. O que se passa sob
a cena ultrapassa e contradiz as palavras ditas pelas personagens. No “Les
chaises” de Ionesco, por exemplo, a ideia poética não provém da poesia mesma da
peça, nem das frases, mas do facto de que elas são ditas sempre defronte. O
teatro do absurdo faz também partido do movimento “anti-literário” do nosso
tempo, que trouxe a sua expressão na pintura abstracta, com a rejeição de elementos
literários. Não é por coincidência que como todos os movimentos corolários, o
teatro do absurdo teve o seu centro em Paris. O que não significa que seja
essencialmente francês, porque Paris era um centro gerador de movimento
moderno. Portanto veja-se como Picasso, Kadinsky, Chagall, Gertrude Stein,
Hemingway, Joyce vieram dos quatro cantos do mundo para se reencontrarem em
Paris e darem forma ao movimento moderno nas artes e na literatura. O teatro do
absurdo nasceu da mesma tradição e absorveu-se dos mesmos recursos, um irlandês
Samuel Beckett, um romeno Eugène Ionesco, um russo de origem americana, Arthur
Adamov, trouxeram a Paris não somente a atmosfera que lhes permitia fazer
livremente experiências, mas a ocasião também de verem as suas obras no teatro.
Um ponto igualmente importante: Paris possuía um público de teatro
particularmente inteligente, sensível, atento, também capaz de absorver ideias
novas. A novidade do teatro do absurdo tem a combinação insólita dos seus
antecedentes. Uma peça como a La Chantatrice Chauve de Ionesco não parece
chocante e incompreensível ao espectador, que não admite como convenção teatral
a convenção naturalista da narrativa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> As tradições antigas que o teatro do
absurdo utiliza em novas e variadas combinações, para exprimir os problemas e
preocupações contemporâneas, podem ser exemplificadas por: o teatro puro, isto
é os efeitos cénicos puros que são os do circo; as palhaçadas, as bufonarias e
as cenas burlescas; o nonsense; a literatura dos sonhos e da imaginação, que
têm um conteúdo alegórico. O elemento do teatro puro no teatro do absurdo é um
aspecto da sua posição anti-literária e da sua recusa da linguagem. A acção
estilizada, pura e ritualizada que construiu Genet, na proliferação do objecto
em Ionesco, no gag inspirado no circo em “À espera de Godot”, no ballet e
pantominas de Beckett e Ionesco, trouxe-nos um retorno às formas antigas e não
verbais do teatro. As coisas escritas podem ser claras, mas o verdadeiro teatro
não deve ser evidente na representação. A entrada dos toureadores na arena, o
desfecho da abertura dos jogos olímpicos - todos estes exemplos contêm efeitos
do teatro puro. Têm um sentido profundo, talvez metafísico e exprimem o que a
linguagem não pode. “Homem, tu és um animal maravilhoso e tu prevês os últimos
desígnios! Podes fazer coisas estranhas, mas tiras um pequeno partido.” É o
estranho poder metafísico da representação teatral, concreta e hábil de que nos
fala Nietzsche na Origem da Tragédia. O mito não traz de qualquer maneira, no
seu discurso, a sua objectivação adequada. A sucessão de cenas e o espectáculo
de quadro proclama uma sabedoria mais profunda, que aquela que é possível ao
poeta, ele mesmo fazer, por meio de palavras e ideias. Aqui é a tradição do
mimo ou o mimo da antiguidade, forma popular do teatro que coexiste com a
tragédia e as comédias clássicas. A unidade de tempo e de lugar não é
observada. Em vez de peças, onde a intriga está prevista, dão-se curtos
espectáculos, sem qualquer intriga. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Mais tarde a preferência foi dada aos temas nascidos do sonho, nas intrigas
fantásticas. Do que nos provém da literatura dramática antiga, só o teatro de
Aristófanes contém a mesma liberdade de imaginação, a mesma mistura de fantasia
e de comédia grosseira que caracteriza os mimos populares. Também o teatro
popular improvisado, anti-literário, nos seus comentários da vida quotidiana,
mostra-se também livre, irreverente e extravagante. As peças de Shakespeare são
também ricas em razões paradoxais, em falsos silogismos, em associações verbais
e em delírio poético, verdadeiro ou do mesmo tipo que nós encontramos nas peças
de Ionesco ou Beckett. Não se trata de afirmar que estes escritores sejam
comparados a Shakespeare, mas simplesmente assinalar que o fantástico e o
incongruente partilham, em certos aspectos, a mesma tradição respeitável e
geralmente admitida. Acima de tudo há em Shakespeare um sentido profundo da
futilidade e absurdo da condição humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"> Em pleno século XX,
sobressaem as comédias de Charlie Chaplin, Buster Keaton e um rol de actores
imortais. O género de gags e o tempo rápido rebuscado das comédias burlescas do
cinema mudo são ligados às palhaçadas e danças acrobáticas do music-hall e da
comédia musical. O filme mudo cómico tem, sem hesitação, uma influência
decisiva no teatro do absurdo. Há a estranha atmosfera de sonho de um mundo
visto pelo outro lado, por aquele que corta com a realidade e olha com olhos
que não compreendem. Tem a qualidade do pesadelo e revela um mundo
perpetuamente em mudança e sem caminho. A maneira de Jacques Tati está muito
próxima do teatro do absurdo, particularmente no seu emprego de linguagem
(emprega o diálogo como um murmúrio indistinto por detrás do plano) e pela sua
utilização de um imaginário carregado de simbolismo, como nos exemplifica Há
Festa na Aldeia. O absurdo trata da futilidade da existência humana, que só se
pode conseguir através do amor e coragem. A coragem de assumir o absurdo da
condição humana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Há que abordar outra corrente na literatura que tem certas qualidades
particulares - a literatura do nonsense. As canções infantis da maior parte dos
países contêm um grande número de versos que partilham o nonsense. A literatura
do nonsense exprime mais do que uma simples necessidade de se divertir. Tem
também um sentido intrínseco em fazer explodir a linguagem. Ela ataca os
limites da condição humana ela mesma. É precisamente o desejo de reter o homem
ou de entender o som das palavras, que o homem não pronuncia, a razão de ser do
nonsense. Isto pode explicar que um dos grandes mestres ingleses do nonsense
tenha sido um matemático e lógico - Lewis Carrol. Este escritor fascinante
oferece um material ilimitado para as investigações psicológicas, filosóficas e
estéticas. No mundo de Lewis Carrol há criaturas que tentam evadir-se ao
determinismo das ideias que não podemos evitar na realidade. Tal como diz Humty
Dumpty - “Quando eu emprego uma palavra com um certo desdém, ela significa o
que eu quero que signifique, nem mais nem menos”. “A questão é de saber, diz
Alice, se você pode fazer com que as mesmas palavras signifiquem tantas coisas
diferentes.” “A questão é de saber, diz Humty Dumpty, quem é o mestre - é
tudo”. Esta possessão da significação das palavras vacila quando encontramos o
inexprimível. O campo do nonsense, numa das passagens mais significativas de
Alice do Outro Lado do Espelho, é a aventura de Alice no denso bosque onde as
coisas não têm nome. Neste bosque Alice esquece o seu próprio nome. “E agora
quem sou eu? Quero-me recordar! Estou decidida a fazê-lo!” Mas ela esqueceu-se
do seu nome e também da sua identidade. Lewis Carrol dá a entender que perder o
seu nome é de qualquer maneira ganhar a liberdade, porque o anonimato confere
essa plenitude. Tal é sugerido através da perda da linguagem, que contribui
para a harmonia com as coisas vistas. Por meio da destruição da linguagem,
através do nonsense (o facto de dar às coisas um nome arbitrário) que se
exprime, o poeta Lewis Carroll aspira a uma unidade mística com o universo. O
nonsense produz um efeito de liberdade, repousando nos limites da razão,
libertando o espírito da lógica e das convenções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Uma outra tradição, que revemos no teatro do absurdo, é o modo de pensar
mitológico, alegórico e onírico. A projecção em termos concretos de realidades
psicológicas. Os mitos que são as imagens de sonhos colectivos da humanidade.
Em literatura o sonho esteve sempre ligado aos elementos alegóricos e o
pensamento simbólico sempre foi uma das suas características. Se o mundo é um
teatro e se o teatro apresenta os sonhos, ele é um sonho num sonho. Na
literatura dramática o motivo do sonho fez assim a sua aparição. Por exemplo,
Goethe aventura-se num verdadeiro mundo do sonho, nas duas cenas na noite de Walpurgis
do Fausto, onde assistimos à passagem da realidade objectiva do mundo exterior
à realidade subjectiva da consciência. Os romances de Kafka são, também, descrições
meticulosamente exactas de pesadelos e de obsessões, de ansiedade e do
sentimento de culpa de um homem plenamente sensível, perdido num mundo de
convenção e de rotina. O Processo foi uma das primeiras obras a dar uma plena
imagem contemporânea do teatro do absurdo, alimentando a narrativa de Beckett e
Ionesco.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Quando Zaratustra desceu das suas montanhas para trazer os seus
ensinamentos à humanidade, ele encontrou na floresta um santo eremita. O ancião
convidou-o a demorar-se na solidão, mais do que ir para o país dos homens.
Quando Zaratustra perguntou ao ancião como é que ele passava o tempo em
solidão, este respondeu-lhe: “-Eu componho cantos e depois canto-os, e quando
faço essas canções eu rio, eu choro, eu murmuro, é assim que louvo a Deus.”
Zaratustra recusou a oferta do ancião e continuou a sua viagem: mas quando
ficou só ele falou também ao seu coração. “Será isto possível! Este velho santo
na sua floresta não entendeu outra vez que Deus está morto!” Assim Falava
Zaratustra de Nietzsche foi publicado pela primeira vez em 1883. Depois de duas
guerras terríveis foram numerosos aqueles que tentaram uma interpretação na
mensagem de Zaratustra, e procuraram enfrentar um universo privado, que foi o
epicentro da vida e ao mesmo tempo destituído de sentido. O teatro do absurdo é
uma das expressões desta procura. Exprimindo um sentimento trágico perante o
desaparecimento de certezas fundamentais, o teatro do absurdo, por um estranho
paradoxo, é igualmente um sintoma da nossa época, próximo de uma autêntica
procura religiosa, de um esforço, talvez tímido e hesitante, de cantar, de rir,
de chorar e murmurar. Se não é para louvar Deus, ao menos para procurar uma
dimensão inefável, um esforço destinado em tornar o homem consciente das
realidades essenciais da sua condição, em instalar novamente o sentido perdido
do mistério universal e da primeira angústia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O teatro do absurdo faz parte do esforço incessante dos artistas em lutarem
contra essa fenda, que corrói este muro de falso optimismo e de automatismo,
devolvendo uma consciência da situação do homem confrontada com as realidades
essenciais da sua condição. É aqui que o homem encontra o seu norte. Tanto que
o teatro do absurdo propõe um duplo objectivo e coloca o seu público em face de
uma dupla absurdidade. Por um lado ele fustiga satiricamente o absurdo da vida
conduzida sem lucidez e sem consciência. Por outro, a sensação de torpor e de
estupidificação mecânica, que procura uma existência no meio consciente: “os
homens segregam o inumano”, como afirmou Camus no Mito de Sísifo. Este malogro
perante a inumanidade do homem mesmo, esta incalculável queda, a culpa em
frente da imagem que nós somos, esta náusea, como Jean-Paul Sartre a denomina,
é também o absurdo. O aspecto satírico e paródico do teatro do absurdo, a sua
crítica social, a queda de uma sociedade inautêntica e mesquinha são talvez os
temas mais apreciados no teatro do absurdo, mas estão longe de ser o seu
aspecto mais significativo. Para além da sua sátira ao absurdo do <i>modus vivendi,</i> o teatro do absurdo põe a
nu a nossa maior fragilidade. O absurdo da condição humana, ela mesma, num mundo
onde o declínio da fé religiosa privou o homem de toda a certeza. Quando não é
possível aceitar os sistemas de valores de maneira simples e completa, a vida
deve ser vista em face da sua realidade essencial. O homem confrontado com o
tempo, num constante limbo entre a vida e a morte. É esta inadequação
existencial que vem à superfície com Beckett. Nesta preocupação das realidades
essenciais da condição humana, das quais os problemas fundamentais da vida e da
morte, do isolamento e da comunicação, o teatro do absurdo pode parecer frívolo
e irreverente, mas representa um retorno à função religiosa e original do
teatro. A confrontação do homem com o mundo dos mitos e da realidade religiosa.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O teatro do absurdo não pretende explicar as diferenças entre Deus e o
Homem. Ele apresenta simplesmente, com angústia, a intuição, que um determinado
indivíduo tem relativamente às realidades essenciais que experimentou. O teatro
do absurdo comunica, simplesmente, a intuição íntima e muito pessoal que tem o
poeta na situação humana, o seu próprio sentimento de ser, a sua visão do
mundo. É um teatro de situações que se opõe a um teatro de acontecimentos
sucessivos e por esta razão ele emprega uma linguagem baseada em imagens
concretas mais do que em argumentos e razões. Para dar um exemplo: as coisas
chegam em “À espera de Godot”, mas estes acontecimentos não constituem nem uma
intriga, nem uma história, são sim a imagem do sentimento de Beckett, que nunca
nada é suficiente na existência do homem. Toda a peça é uma imagem poética e
complexa feita de um desenho complicado de imagens e de temas subsidiários, que
se entrelaçam como os temas de uma composição musical, para produzir no
espírito do espectador uma impressão total e intricada de uma situação
fundamental. O teatro do absurdo, ao transpor as necessidades poéticas no
imaginário concreto da cena, pode ir mais longe que a pura poesia na rejeição
da lógica, do pensamento discursivo e da linguagem. A cena é um vislumbrar de
múltiplas dimensões, que permitem o emprego simultâneo de elementos visuais, do
movimento, da luz e da linguagem. Este percurso estético trouxe a liberdade de
utilizar a linguagem como um simples elemento. Talvez a subordinação ao seu
imaginário poético de dimensão múltipla. O subconsciente contém mais realidade
que a afirmação consciente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">O carácter relativo da linguagem, a sua desvalorização e a sua crítica são
também tendências dominantes da filosofia contemporânea, onde a convicção que
exprime Wittgenstein na última fase do seu pensamento é um exemplo. Para ele, o
filósofo deve evidenciar o seu pensamento com conexões e regras da gramática
que foram erradamente misturadas com as regras da lógica. O “jogo da linguagem”
de Wittgenstein tem pontos em comum com o teatro do absurdo. Mas mais
significativo que as próprias tendências é a mentalidade do homem. Submetido à
lógica inexorável, à tagarelice incessante dos mass media, o homem anódino
torna-se cada vez mais céptico com este excesso de linguagem. Os cidadãos dos
países totalitários sabem bem que aquilo que lhes disseram não é destituído de
sentido real. Eles habituaram-se a ler nas entrelinhas, quer dizer a trazer à
realidade o que a linguagem apreende, mas que não revela. É por isso que a
comunicação entre os seres humanos é sempre mostrada sob um aspecto de
ineficácia no teatro do absurdo. É preciso reduzir a linguagem à sua verdadeira
função. Exprimir um conteúdo verdadeiro, mais que procurá-lo. No teatro do
absurdo apresentamos ao público as personagens onde os móbiles e os actos são
em grande parte incompreensíveis. Com tais personagens é quase impossível de se
identificar. As personagens com as quais o público não se pode identificar são
inevitavelmente cómicas. Este teatro repõe a comédia ou a tragédia e combina o
rir com o horror. As desventuras das personagens, como nós as vemos com um olho
frio, crítico, sem nos identificarmos com elas, são cómicas. As personagens
idiotas, que agem de uma maneira incongruente, querem ser sempre objecto de
riso no circo, no music hall, no teatro. Mas estas personagens cómicas aparecem
geralmente num quadro racional, envoltas de uma personalidade sensível com as
quais o público se pode identificar. No teatro do absurdo a totalidade da acção
é misteriosa, não motivada e à primeira vista, parecendo-se com o nonsense.
Aqui o espectador é confrontado com a loucura da condição humana, ele é
obrigado a ver a sua própria situação na sua desolação e desespero. Tal é a
natureza de toda a literatura de humor negro, onde o teatro do absurdo é o
último exemplo. É o mal causado pela presença de ilusões que não têm qualquer
correspondência com a realidade, realidade que se dissolve e desaparece na
gargalhada libertina, que logo reconhece a insensatez do universo. O teatro do
absurdo nasceu essencialmente com a evocação de imagens poéticas concretas, que
deviam comunicar ao público o sentimento de perplexidade dos seus autores
confrontados com a condição humana. Podemos julgar o sucesso das suas obras com
o grau com que eles conseguiram comunicar o seu misto de poesia, de grotesco e
de horror tragicómico. Os critérios de perfeição não têm somente a qualidade de
invenção, na sua complexidade de imagens poéticas seleccionadas e adaptadas,
mas também, e essencialmente, a possibilidade de encarnar na visão dessas
imagens a realidade e a verdade. A liberdade de invenção, da espontaneidade no
teatro do absurdo, tem por objectivo comunicar uma experiência real, tentando
ser honesto e descomprometido ao expor corajosamente a realidade da condição
humana. Ao se aproximar de uma verdade metafísica, o teatro do absurdo
aproxima-se então do domínio metafísico e do domínio religioso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<span style="font-family: "Garamond","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin;">Em última análise, um fenómeno como o teatro do absurdo não reflecte o
desespero nem um retorno às forças obscuras do irracional, mas exprime os
esforços do homem moderno em se adaptar ao mundo onde ele vive. Ele tende a
confrontar-se com a condição humana, obrigando-o a libertar-se de ilusões que,
inevitavelmente, o conduzem a ser constantemente inadaptado. Há no nosso mundo
pressões consideráveis para levar a humanidade a suportar o dogma religioso e
moral, propondo-lhe esquecer, recorrendo, de forma iníqua, a espectáculos
medíocres de satisfação imediata, teorizações e axiologias da realidade que
alimentam, paulatinamente, o homem. Nos nossos dias, em que a morte e o
envelhecimento são cada vez mais escamoteados, o auxílio ao eufemismo e ao
conforto infantis são uma constante, por isso ouvimos, às vezes distante, o
grito do homem no sopé da montanha, o grito desnorteado. Ele exige reflexão
para encontrar o seu centro, sem ilusões e rindo. E é sem receios, quase de
forma donquixotista, que os autores do absurdo se lançam inesperadamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span class="apple-converted-space"><span lang="EN-US" style="background: white; color: #37404e; font-family: "Tahoma","sans-serif";">Sofia
Amaro</span></span><span lang="EN-US" style="background: white; color: #37404e; font-family: "Tahoma","sans-serif";"> © All rights reserved</span><span style="font-family: "Garamond","serif"; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-74819614860663648892011-06-08T15:59:00.000-07:002020-09-23T08:54:08.445-07:00Four Quartets read by Willem DafoeSOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-26917072779716899182011-03-10T15:11:00.000-08:002011-03-10T15:14:57.849-08:00o cabotino tocou-lhe com as falanges nos lábios<br />pareciam de mel <br />pareciam os seus,<br />dos meus tão esquecidos dos teus.<br />e melindrou viagens na boca dos seus<br />fingiu segredos,<br />na síncope dos teus.<br /><br /><br /><br /><br /><object width="480" height="270"><param name="movie" value="http://www.dailymotion.com/swf/video/xgxeyq?theme=none"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowScriptAccess" value="always"></param><embed type="application/x-shockwave-flash" src="http://www.dailymotion.com/swf/video/xgxeyq?theme=none" width="480" height="270" allowfullscreen="true" allowscriptaccess="always"></embed></object><br /><a href="http://www.dailymotion.com/video/xgxeyq_austra-beat-and-the-pulse_music" target="_blank">AUSTRA "Beat and the Pulse"</a> <i>por <a href="http://www.dailymotion.com/domino" target="_blank">domino</a></i>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-65108773855970940972011-02-08T11:01:00.000-08:002020-09-23T08:53:37.575-07:00envolta num novelo de limos o meu corpo roça a embriaguez.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-36825351556337459752011-02-08T08:41:00.000-08:002020-09-23T08:58:25.911-07:00desejar. morrer a pouco e pouco,
ausência do muito.
um rosto cavado,
a plenitude de um olhar grisalho,
e a morte no aquiescimento do nada.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-11945491446156643172011-01-25T10:01:00.000-08:002020-09-23T08:52:00.965-07:00Stalker (Tarkovsky, 1979)a Zona num país sem nome.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-35643780814732528122011-01-18T09:59:00.000-08:002020-09-23T08:46:09.698-07:00LAURIE ANDERSON - GRAVITY'S ANGELfora do campo gravitacional.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-15927576066976841382010-12-18T09:12:00.000-08:002020-09-23T08:45:44.275-07:00ARBOREA BLACK MOUNTAIN ROADdias vagos, sem fôlego. minutos funiculares, sem o compasso alado, fora do tempo. são demasiado silenciosos estes dias, um silêncio atonal. falta-me o céu irisado, a melodia das eiras que findou nos arrabaldes. oiço por fim a placidez inscrita nos sons da montanha.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-54970655152110661852010-12-17T05:25:00.000-08:002020-09-23T08:47:05.603-07:00meredith monk - the taleo meu corpo ciranda de um lado para o outro. acho que vou dançar no falbalá das ondas.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-5470111509640135962010-11-06T06:14:00.000-07:002010-11-06T06:31:15.926-07:00<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#663333;">O sacristão Josué, Luze-cu seu sobrenome, às 6 da manhã já martelava os toscos compassos das partituras fingidas nos carrilhões da catedral. Nem escala, nem colcheias lhe sobraram da infância vivida entre cegonhas e badalos. Deitado na pedra e as mãos espalmadas, cantava no repicar dos sinos às terras do demo e punha os olhos em alcalá. Sabia distinguir de uma maneira ou de outra o trigo do joio, com a vista tão rasgada como tinha. Olhos de perdiz que viam o que se passava num raio de dez quilómetros.<br />A torre onde o dito sacristão vivia perfurava as nuvens com os seus duzentos pés de altitude, tão alta que de baixo não se lhe descobria o fim, um fim que parecia estar apagado pelo tecido da montanha. E do cimo, bem lá do cimo, vislumbrava-se a queda vertiginosa do céu ou da lua.<br /><br /><br /></span><span style="font-family:trebuchet ms;color:#663333;">Breves sonos na aldeia sombria, de boca fechada à luz num bojo cinzento, como a densidade do nevoeiro em terras bretãs, porém os rostos sem luz, sem a profundidade de um segredo há muito desaparecido na regra universal, na risível lei moral, porque atribuída por uma população com menos de mil habitantes e um em cada metro quadrado a pensar nas léguas de Deus – sempre com a condição de ninguém ficar impune ao crime que cala e apaga o homem. Cada acto escondido entre paredes ou apagado pelo dízimo. Num dia compensava o crime, noutro acendiam-se círios perto do confessionário. </span></div><p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#663333;"></span></p><p><span style="font-family:trebuchet ms;"><span style="font-size:85%;color:#663333;">in "O Umbigo de Deus"</span></p><div align="justify"><br /></div></span>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-33431578313240808302010-10-30T12:15:00.000-07:002020-09-23T08:49:57.019-07:00em ala riba estou sentado falando “ uâ lhengua” distante. é esta língua vaga e distante que se ouve numa voz franzina e escuta, como só ela sabe fazer, o apelo da terra. a mim resta-me ouvi-la numa procura incessante de semelhança, apelar ao mimetismo, a essa aptidão para captar a linguagem das coisas e dos seres. mas até eu já esqueci o que é agarrar um punhado de terra, caminhar entre silvedos e beber, com o joelho ileso no chão, um dedal de água que por ali passava. e por mais que coleccionasse cada momento o seu sentido excedia-me, porque a semelhança mata, aniquila e não nos revela o autêntico. é como a tragédia nos dita, um Édipo a desvendar o enigma da esfinge e o coro final a esmiuçar a treva do seu rosto e a cegueira que a verdade lhe esconjura. para o que não ama, o amor é uma língua bárbara, os sentidos vigiam inexpressivos na escuridão mais densa. por isso a palavra é pequena demais, mero reflexo metamorfoseado da verdade, mas esta língua está tão próxima do centro, que vê como o olho de lince, a semente e o fruto.
SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-24255586456195151942010-10-30T10:53:00.000-07:002010-10-30T10:55:51.021-07:00Domenico Scarlatti - Sinfonia en ut majeur (allegrissimo)<object style="BACKGROUND-IMAGE: url(http://i1.ytimg.com/vi/llE2Da0OtOk/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/llE2Da0OtOk?fs=1&hl=pt_BR"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/llE2Da0OtOk?fs=1&hl=pt_BR" width="425" height="344" allowscriptaccess="never" allowfullscreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-52037155879779571152010-10-22T12:02:00.000-07:002020-09-23T08:50:47.637-07:00tartufos lusitanos que sempre nos abastardaram. chamavam-nos galegos, por estas bandas, e nós guapitos, mais próximos de Zamora e Salamanca fomos namoriscando o hermano. e quando por falta de dobrão caminhámos até à lezíria e à planície mais mourisca, abastardaram-nos outra vez e passaram a chamar-nos como nos conta Alves Redol, “gaibéus”, gente vinda da giesta de pedra e do interior do serro. cantamos com os lobos no meio das fragas, passamos sal nas encruzilhadas e ainda rezamos o terço. foi nessa caminhada que perdemos a orientação do mundo, que se emudeceram as palavras iguais à cinza e é essa a nossa fatalidade - a moïra - de um último adeus no esquecimento da nossa boca.SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-15758732365495107592010-09-06T07:56:00.000-07:002010-10-30T12:12:34.716-07:00<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtMcvhpb_3z2A-_TEYkiW2z-E7MPlOn5sck3Fd9VvHnIQnrHeYuq8-xwpXosh7_SxIP389e48d8Md0SjO5etpCDaymMOIMWv0dbgsuOjtvWcEKlOQWv7uXvGurpbx9KkspH9O1fSvTle3s/s1600/capa+umbigo+de+deus.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 225px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505373380398245586" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtMcvhpb_3z2A-_TEYkiW2z-E7MPlOn5sck3Fd9VvHnIQnrHeYuq8-xwpXosh7_SxIP389e48d8Md0SjO5etpCDaymMOIMWv0dbgsuOjtvWcEKlOQWv7uXvGurpbx9KkspH9O1fSvTle3s/s320/capa+umbigo+de+deus.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ1w2ZAbmxMNe2MzPGHTo5w3YanxCtZ4R1Z_xwJtq4ehlyLDMjJquyuXzQDI6nuAR5KxqN-h49xtZaYmT0jGcHxnL1HNEZu9CZYR1T3mHdBP_9Cp1Eqj3YgmlLeUszNrNVXrERD1X3ofdt/s1600/o+umbigo+de+deus+parab%C3%A9ns.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 226px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505373375970072130" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ1w2ZAbmxMNe2MzPGHTo5w3YanxCtZ4R1Z_xwJtq4ehlyLDMjJquyuXzQDI6nuAR5KxqN-h49xtZaYmT0jGcHxnL1HNEZu9CZYR1T3mHdBP_9Cp1Eqj3YgmlLeUszNrNVXrERD1X3ofdt/s320/o+umbigo+de+deus+parab%C3%A9ns.jpg" /></a><br /><br /><span style="font-family:verdana;color:#663333;">http://news.maxima.xl.pt/?s=11&n=28507&nivel=3<br />Sofia Amaro premiada<br /><br /><strong>Revista Máxima</strong><br /><br /><br />O livro O Umbigo de Deus, da autora Sofia Amaro, recebeu a Menção Honrosa do Prémio Alves Redol 2009, depois de esta ter sido galardoada com a Menção Honrosa do Prémio Manuel Teixeira Gomes 2008.<br /><br />Do júri fizeram parte o vice-presidente da Associação de Críticos Literários Manuel Amador Frias Martins, o escritor Miguel Real e Vítor Agostinho de Figeiredo, em representação da divisão de bibliotecas de Vila Franca de Xira.<br /><br />A temática da história gira em torno da fragilidade do ser humano e de um limbo natural entre a metafísica e o regresso ao que é físico representado pelo Umbigo de Deus.<br /><br /><br />http://www.pnetliteratura.pt/cronica.asp?id=1134<br /><br />Sofia Amaro<br />[24-08-2009] Luís Carmelo<br />1- No mundo tecnológico e instantanista em que vivemos, crê que a literatura, tal como a aprendemos a significar pelo menos desde o Iluminismo, ainda tem sentido?<br /><br />Sim, a literatura terá sempre um lugar cativo mesmo perante a nossa herança histórica, embora as novas tecnologias tentem abrir novos caminhos à criação literária, possibilitando uma interacção com o leitor ou mesmo uma inclusão de outros elementos. A literatura neste mundo tecnológico traduz-se num certo desconstrucionismo e na dissolução do carácter linear do texto, mas no entanto penso que o livro em suporte papel nunca será substituído.<br /><br />2- Qual foi o último acontecimento literário, independentemente da sua natureza, que mais lhe tocou? Porquê?<br /><br />Foi A Estrada de Cormac McCarthy. Desvela-nos cruamente o instinto de sobrevivência de um pai e filho num mundo completamente devastado. É um mundo apocalíptico que provoca uma meditação sobre a finitude humana. Uma história de sobreviventes num mundo caótico e indigente.<br /><br />3- Fale-nos resumidamente do seu último livro, como se estivesse a revê-lo em voz alta para um grupo de amigos.<br /><br />O Umbigo de Deus retrata um norte longínquo, mais propriamente Trás-os-Montes, onde as faldas da montanha escondem a fragilidade do homem. Narra através das suas personagens essa proximidade inevitável entre o homem e a montanha, esse limbo que existe entre a metafísica e o retorno ao que é físico.<br /><br />4- Pensa que a literatura e a rede poderão vir a ter, de algum modo, um destino comum?<br /><br />Mesmo que a literatura continue a ser esse espaço comum e tantas vezes passional, onde o homem se detém e onde o tempo se eterniza, nesta sociedade em que o segundo urge e a velocidade de ução se exige, é-nos exigido também um controle absoluto da temporalidade e aí a literatura e a rede conferem a possibilidade de dar uma resposta imediata e heterogénea à imagem de um mundo globalizante.<br /><br />5- Refira dois autores e duas obras que o tenham marcado na sua carreira.<br /><br />As Ondas de Virgínia Woolf e O Aleph de Jorge Luis Borges.<br /><br /><br /><br />http://novoslivros.blogspot.com/search?q=sandra+amaro<br /><br />1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro «O Umbigo de Deus»?<br />R-No contexto da minha obra O Umbigo de Deus representa um marco muito importante, pois concretizei um sonho que me seguia por todo o lado como se fosse de certo modo o meu alter-ego. Revela também, de certa forma, o meu universo onde a história e as personagens são ao tempo humanizantes e labirínticas, oriundas desse norte montanhoso de beleza etérea, misto de tristeza e esperança.<br /><br />2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?<br />R-O Umbigo de Deus é um fragmento de um norte longínquo onde as montanhas escondem nas suas histórias e personagens o quanto frágil e indecifrável é o ser humano. Através do olhar cândido de Beatriz e da mudez de menina-sem-nome, sua filha, criada à imagem do primeiro homem, sem umbigo e sem verbo, vemos traduzidos os costumes e os dogmas de Bal Antenado. Um vale escondido entre as faldas da montanha, onde a noite é constante e a sombra alimento dos aldeões.<br /><br />3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?<br />R-Estou a escrever um romance em torno de um homem que investiga o desaparecimento da sua irmã e a fotografia. A fotografia que é premissa ao mesmo tempo perceptiva e mnemónica do sujeito com que com ela se defronta. Esse desaparecimento vai ser revelado através da fotografia que mostra através do visível e do conhecido o invisível.<br />__________<br />Sandra Amaro<br />O Umbigo de Deus<br />Colibri<br /><br /><br /><br /><br />*<br /><br /><br />Lembra o frio da montanha e um manto quente a perder de vista, lembra um conto de fadas, um rito pagão e o canto de Deus, lembra o Bal de Antenado.<br />Num nó de 120 km de acidente geográfico, entre a meseta castelhana e as terras de Trás-os-Montes, assomava denso e velado este Bal de Antenado. Onde a terra prolonga o planalto de pedra e ouro com a crina do céu suspensa sob ela, rebentando aqui e ali os serros de punho fechado. Tão fechados como a turgidez de um seio. Era aí nessa elipse de terra que ficava o vale afortunado.<br /><br />Para lá do vale e da serrania, searas infindas expressavam um sorriso ou uma lágrima com a dança de uma nova espiga, que nascia e morria sob a planura das nuvens. Espiga que era sulcada pelos vales do rio Angueira, correndo em ala irmana, e pela ribeira das Turtulhas, com a sua pequena corrente a atravessar a lisura planáltica.<br />O recuo do horizonte remoto, quedo entre dois escarpados curvos como a lâmina de uma calagouça, afastava a doce espiga e escondia aqui o vale da sombra. Um vale inquietante e agreste, onde o único brilho decifrável cabia a alguns relevos quartzíferos. O resto, as poeiras, as pedras, as gentes eram negros: redutos num cativeiro de pedra prolongado até à arriba. Arriba que desafiava, liberta, o vento e o astro. No entanto, ali nunca amanheceu o alvor, e a sombra constante teimava em estorvar o povo também ele nubiloso de ideias.<br /><br />**<br /><br />Por Toledo lhe assistiam os medronheiros do Norte de África na rota dos curandeiros. Com Cadundo ou erva de Benguela, segundo a lábia lusitana, limpava gangrenas e furúnculos, aclarava pulmões ou iludia enxaquecas. E logo menina-sem-nome lhe obrigou a colocar os dedos no umbigo, que se abria fundo no ventre. Abria o mundo em dois e sentia-se muito próxima, próxima de não sei o quê. Esse não sei quê que a Serolho lhe segredava todas as noites e lhe ensinava na malhada dos dias.<br />Apareceu-lhe a seus olhos a mãe, liberta e curvada sob ela, com a extremidade dos lábios tocando o umbigo crescente. Um fio de luz contornava-lhe a pele tisnada, parecia uma pequena estrela em cadência no seu ventre. Um bago de cristal pequeno como uma cereja, brilhante como uma estrela-do-mar. Cantava baixinho a dança da Murinheira e, enquanto se ouvia a cegarrega do grilo, limpava-lhe o tremedouro com a voz da doçura.<br />***<br />in O Umbigo de Deus</span></div>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-55809415275652544022010-08-14T14:35:00.000-07:002010-10-30T12:13:47.132-07:00<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicbhFAC4Y7OPeidUgk_OIPoqe5U9A2XIMEJ7eywm_6VslCqiu7HCil1ZUlE7opNbujxpSHosc1tbuhc_urSUQmPHN_PR5icBtvZFAoHUVzuZw5foErIFsszaWmdWej8qZ6hZYEmUhp6AU/s1600/beracacapa.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 227px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383395975509922" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicbhFAC4Y7OPeidUgk_OIPoqe5U9A2XIMEJ7eywm_6VslCqiu7HCil1ZUlE7opNbujxpSHosc1tbuhc_urSUQmPHN_PR5icBtvZFAoHUVzuZw5foErIFsszaWmdWej8qZ6hZYEmUhp6AU/s320/beracacapa.jpg" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuudGBMQ0X8pJGNLyXnpMW1Kj0x60oBnYF5uNZkiHO913hXt_HIfA0jPLogxRs5qL5Wt6u37ugPWtslS63IXYWChYnJ8WlyxKmGeKGM_lMcKY7vHshixwtVug6V35MHQ_dsP0E7pCR8hU/s1600/beraca+jpcotrim.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 253px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383033636864370" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuudGBMQ0X8pJGNLyXnpMW1Kj0x60oBnYF5uNZkiHO913hXt_HIfA0jPLogxRs5qL5Wt6u37ugPWtslS63IXYWChYnJ8WlyxKmGeKGM_lMcKY7vHshixwtVug6V35MHQ_dsP0E7pCR8hU/s320/beraca+jpcotrim.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYkeVj0O2KgA3zvpNDKCGW7mvcohfny-2tjd9k0cRW01lYmzaT0BZHdBs2lDBufX88jC2B1VUMKGGRM7skEO12zXVKMYnkPYywkYgO2rZCje43tPDNXEhqxVwAb7e0iwiuHBDoeS1RyEI/s1600/beraca1.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 211px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383027142937634" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYkeVj0O2KgA3zvpNDKCGW7mvcohfny-2tjd9k0cRW01lYmzaT0BZHdBs2lDBufX88jC2B1VUMKGGRM7skEO12zXVKMYnkPYywkYgO2rZCje43tPDNXEhqxVwAb7e0iwiuHBDoeS1RyEI/s320/beraca1.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi575_f5JF9EEIrhrwHc7JjKIFQDeNq8wtFdQRR0zjMa_UebORJ9nUnduldqdkrCVzoN9PNv5E1YmuMeW6UbYEqdZTexCMiOL_47Eu3xoT0N2Y5cV9PWO4emuZyQt-7LOPBRuyGgZ7j2so/s1600/beraca2.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 233px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383023070580018" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi575_f5JF9EEIrhrwHc7JjKIFQDeNq8wtFdQRR0zjMa_UebORJ9nUnduldqdkrCVzoN9PNv5E1YmuMeW6UbYEqdZTexCMiOL_47Eu3xoT0N2Y5cV9PWO4emuZyQt-7LOPBRuyGgZ7j2so/s320/beraca2.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZTWtIvDCuHDYRwavPABcWbiaL3PXOyh6516jDsRBzx-qfTk72XivLYy4dPgoE_czaOG0MmOCiqqb0ldyzfnt6gDTenzeqDLKkn_fcuIGY8mjsV4nkAYw6T-7l0CCO9k7KOrltx44OOQ/s1600/beraca3.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 230px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383016093853138" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinZTWtIvDCuHDYRwavPABcWbiaL3PXOyh6516jDsRBzx-qfTk72XivLYy4dPgoE_czaOG0MmOCiqqb0ldyzfnt6gDTenzeqDLKkn_fcuIGY8mjsV4nkAYw6T-7l0CCO9k7KOrltx44OOQ/s320/beraca3.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqGek1xwe7b6HRCIxk81j3gvuc3s1aE36xgarU-v_DaRMUMg3XQFlZTR_qflNZJVCvPt8NtbrG0Log5-HUVWaCBkloYtTy_Jm_vM7_3Un3QN8iApRCIzB8lqGvr2QIbdSGHQ1Ux44c3eU/s1600/beraca4.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 229px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505383013112658322" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqGek1xwe7b6HRCIxk81j3gvuc3s1aE36xgarU-v_DaRMUMg3XQFlZTR_qflNZJVCvPt8NtbrG0Log5-HUVWaCBkloYtTy_Jm_vM7_3Un3QN8iApRCIzB8lqGvr2QIbdSGHQ1Ux44c3eU/s320/beraca4.jpg" /></a><br /><br /><br /><span style="font-family:verdana;color:#663333;">A BD que se faz por cá<br /><br />João Miguel Tavares<br /><br />Beraca, assinado por Sandra Amaro e Pedro Brito, é, de entre as novas edições, o caso mais curioso e aquele que procura com mais afinco desbravar novos caminhos, tanto ao nível da forma como do conteúdo. Por um lado, o desenho de Pedro Brito continua a exibir a segurança que há muito se lhe reconhece, encontrando espaço para a experimentação - o caso mais evidente é o da textura «real» dos vestidos das personagens - sem necessidade de romper com o seu estilo. Por outro, voltamos a sentir nos seus livros - já acontecia em Tu És a Mulher da Minha Vida, Ela a Mulher dos Meus Sonhos, parceria com João Fazenda - uma consciência profunda de que a qualidade de uma BD se joga na ligação entre textos e desenhos. Sendo Beraca uma obra com reminiscências medievais, encontramos ecos da iconografia dessa época numa série de pranchas elaboradas como se fossem retábulos, iluminuras ou ex-votos.<br /><br />Ao mesmo tempo, Sandra Amaro apostou, com algum virtuosismo, numa linguagem datada, que embora nos dificulte a leitura confere à história uma espessura que de outro modo ela não teria. Mas que história é essa? À superfície, a história de Beraca, terra rica que acaba destruída pela ambição de dois militares desavindos. Em profundidade, uma curiosa reflexão sobre a violência do mundo, a autofagia humana, o fim da infância e a fé.<br /><br />Copyright: © 2002 Diário de Notícias; João Miguel Tavares</span></div>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4412526221976960404.post-15604533191149850582010-08-14T14:30:00.000-07:002010-10-30T12:14:49.082-07:00<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidkQqU7mtqyArWOVUvcyFdwuJV_z0ZIVm3hXbg8PyvYsB8Ff-F4tkzrziZEfKVnS6PMgU4dqOS8GWkFYaZu_eEXETRr1jtkWehFqWsAjuQOo4pE3Pt2fPgYaTE3UDBIwGf3n7CgCL6tcE/s1600/a+estrela+de+gaspar.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 220px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505381497817747330" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidkQqU7mtqyArWOVUvcyFdwuJV_z0ZIVm3hXbg8PyvYsB8Ff-F4tkzrziZEfKVnS6PMgU4dqOS8GWkFYaZu_eEXETRr1jtkWehFqWsAjuQOo4pE3Pt2fPgYaTE3UDBIwGf3n7CgCL6tcE/s320/a+estrela+de+gaspar.jpg" /></a><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJm__Voip3e2icer3w1vAKCamepZ-5hdURx8pOJVINZB8UXMH4zYUJn_3s7N-3qTWYYI8_1NVUH0dvS33S_hlmsfdVqIKse2mDwWoI_VcxCwdoWSe74_lJtqTfMbjVuHBfb_OBlRwMOQk/s1600/gaspar.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 226px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5505381491738638306" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJm__Voip3e2icer3w1vAKCamepZ-5hdURx8pOJVINZB8UXMH4zYUJn_3s7N-3qTWYYI8_1NVUH0dvS33S_hlmsfdVqIKse2mDwWoI_VcxCwdoWSe74_lJtqTfMbjVuHBfb_OBlRwMOQk/s320/gaspar.jpg" /></a><br /><br /><br /><span style="font-family:verdana;color:#663333;">A ESTRELA DE GASPAR é uma média-metragem de 24 minutos, produzida pela Animanostra. O argumento e guião são de Humberto Santana e de Sandra Sofia Amaro e a realização é de Pedro Brito e Humberto Santana.<br /><br />Gaspar é o único menino de uma pequena aldeia perdida entre a serraPor causa das maldades de uma bruxa que detesta o Natal e as crianças, Gaspar é o único menino de uma pequena aldeia perdida entre a serra. Mas o destino reservava ao pequeno herói a missão de trazer de volta a alegria ao povo da aldeia e, graças a uma pedra mágica, Gaspar acaba com a tirania da feiticeira.<br /><br />Uma espectacular animação portuguesa. Uma história passada numa aldeia portuguesa cantada por Teresa Salgueiro<br /><br />http://www.youtube.com/watch?v=Kf6swYwEFuU&feature=related\</span></div>SOFIA-AMAROhttp://www.blogger.com/profile/07067937136407989156noreply@blogger.com0